Bloomberg Línea — Fundado como uma alternativa ao modelo tradicional de consórcios, o Klubi fechou uma rodada Série A de R$ 45 milhões. O investimento anunciado nesta terça-feira (3) é liderado tanto pela L4 Venture Builder, CVC (Corporate Venture Capital) independente criado pela B3, como pelo Vivo Ventures, CVC da Vivo para startups em estágios de crescimento. O Vivo Ventures já estava no captable da startup.
O Klubi opera com a proposta de um novo modelo de consórcio que dispensa a tradicional intermediação desse segmento de mercado, bem como a necessidade de corretores.
No início, a startup negociava consórcio de automóveis, estratégia que avançou este ano para smartphones e eletrônicos, viagens e motocicletas. O próximo item na lista são os imóveis, a partir do ano que vem.
A operação teve início em 2020, quando o Klubi recebeu autorização do Banco Central para operar como a de consórcios no país.
Leia mais: Vivo aposta em venture capital para novo ciclo de crescimento, diz diretor da área
A startup foi estruturada para dialogar com o consumidor final, no tradicional modelo B2C. O B2B2C, porém, agregou uma nova camada para o negócio, com a parceria com grandes empresas.
“A Kavak investia muito em marketing e gerava muito fluxo, mas, na hora do financiamento de automóveis, muitos desses leads [informações que podem gerar vendas] não vingavam porque não tinham crédito”, afirmou Eduardo Rocha, CEO e fundador do Klubi, sobre o começo do modelo.
“Nós montamos uma parceria com eles [a Kavak]. A empresa indicava esses potenciais clientes para o Klubi para que eles começassem a fazer o seu processo de acumulação e, em determinado momento, assem o crédito para comprar o veículo”, explicou à Bloomberg Línea.
Antes de empreender, Rocha atuou como CEO da Rodobens entre 2010 e 2018. A companhia conta com um portfólio de produtos financeiros como consórcio, seguros, crédito, leasing e locação.
Essa é a quarta rodada do Klubi, que iniciou a sua jornada e atraiu fundadores da 99 e do iFood como investidores-anjo em 2019.
Ainda em fase pré-operacional, a startup recebeu um Seed de R$ 32,5 milhões em 2021 liderado pela Igah Ventures, com a participação da Parallax Ventures e de sócios da Cyrela. No fim de 2022, adicionou mais R$ 30 milhões, em uma rodada bridge puxada pela Vivo Ventures.
Com os resultados na Kavak, novas empresas fecharam acordos com o Klubi, como 99, Localiza e Itaú Carros. O Klubi cuida da personalização da plataforma e do gerenciamento da carteira. “Toda a parte de tecnologia está conosco. ‘Plugamos os sistemas e eles têm um esforço próximo de zero”, disse Rocha.
No modelo, as comissões são negociadas de acordo com o volume e o resultado líquido da parceria. Segundo o CEO, em alguns casos, o parceiro pode receber 50% de participação. No faturamento da startup, nenhum parceiro gera mais de 20% do negócio, e cerca de 30% são oriundos do B2C.
“Por que é interessante para o parceiro? Ele se torna sócio na prática, ainda que não no papel, sem precisar de uma a de consórcio, sem ter que bater na porta do Banco Central, sem ter que quebrar a cabeça pra montar uma a de consórcio”, afirmou.
Novas verticais de negócio
Uma estratégia que deu certo foi a “Compra planejada”, estruturada com a Vivo inicialmente, mas disponível em empresas como Piay, Magalu e a startup Allya. A iniciativa começou com consórcios para smartphones e avançou para games, viagens e motos.
Para fugir do modelo tradicional de consórcio, o formato não conta com lance nem sorteio. A estrutura financeira é montada para que o cliente possa sacar o recurso quando pagar metade do valor do produto. Os créditos oferecidos ficam entre R$ 1 mil e R$ 10 mil.
“Nós vamos fazer R$ 60 milhões com a originação de celular, o que dá R$ 720 milhões no anualizado. Ou seja, a Klubi gera praticamente duas vezes toda a indústria de consórcio nessa categoria de eletroeletrônicos, e isso ativando apenas um item dessa categoria”, afirmou Rocha.
A comparação é com os dados de consórcios do ano ado. Nos 12 meses de 2023, o setor de eletrônicos originou R$ 400 milhões. “O sonho de consumo é a maça, é o iPhone. É quase uma religião.”
Leia mais: Ele liderou a engenharia do Google no Brasil por 19 anos. Agora volta a empreender
Os novos recursos da rodada Série A chegam para apoiar o crescimento da startup, com a entrada em consórcios de imóveis a partir de janeiro do ano que vem, ou seja, daqui a um mês.
Essa é uma das principais categoria do mercado de consórcios, atrás apenas de automóveis e motos, de acordo com dados da Associação Brasileira de as de Consórcios (ABAC).
Em outra frente, o investimento também será usado para reforçar o pilar de parcerias. O Klubi negocia novos acordos com um pipeline de mais de 20 empresas. Com a expansão dos novos produtos, entre eletrônicos e serviços, a startup pretende ainda impulsionar um negócio de seguros.
“Nós temos uma corretora de seguros aqui que ainda não foi devidamente ativada. Uma vez que fazemos consórcio de A a Z, oferecer seguros de A a Z é uma demanda muito natural para nós”, afirmou Rocha.
Leia também
Por que o jet ski caiu no gosto de brasileiros que compram embarcações por consórcio
Como a Prosus saiu do vermelho para um lucro de US$ 60 milhões no semestre
Kinea cita ‘fantasma fiscal’ e diz que mantém posição vendida na bolsa brasileira