Ricardo Mussa deixa Cosan depois de 17 anos no grupo de Rubens Ometto
Executivo, que foi CEO da Raízen e comandava a Cosan Investimentos, encerra ciclo com renúncia também ao cargo de conselheiro na holding e na t venture com Shell
Ricardo Mussa deixa Cosan depois de 17 anos no grupo de Rubens Ometto |Executivo renunciou ao cargo de conselheiro na holding e na t venture com Shell(Photographer: Tuane Fernandes/Bl/Tuane Fernandes)
Bloomberg Línea — Ricardo Mussa, de 49 anos, renunciou aos cargos na Cosan (CSAN3) e na Raízen (RAIZ4), t venture do grupo do bilionário Rubens Ometto com a Shell, segundo comunicado enviado pela companhia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na noite de sexta-feira (30).
Desde o dia 1º de novembro, ele ocupava o cargo de CEO da Cosan Investimentos e também era conselheiro da holding e da Raízen.
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Mussa acumulou 17 anos de atuação como executivo das empresas da Cosan, um dos maiores e mais relevantes grupos empresariais do país. Tinha trabalhado na Raízen por sete anos, sendo cinco deles como CEO.
Procurada pela Bloomberg Línea, a Cosan não forneceu informações adicionais ao conteúdo do comunicado, como o nome do substituto para o cargo de responsável pela Cosan Investimentos. Não houve manifestação do executivo em sua página no LinkedIn.
Rodrigo Araujo, CFO da Cosan, substituirá Mussa como conselheiro na Raízen (até a próxima assembleia geral) e como membro do comitê de responsabilidade social e corporativa da companhia até 28 de julho de 2025.
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No último dia 21 de outubro, o grupo de energias renováveis, com atuação também no setor de transporte, logística, derivados de combustíveis e mineração, havia anunciado que seu board tinha aprovado mudanças na liderança na holding e nas subsidiárias.
A principal alteração foi a saída de Nelson Gomes como CEO da Cosan, sendo substituído por Marcelo Martins, o CSO que havia liderado a estratégia de M&A da Cosan nas últimas duas décadas.
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Assinado pelo CFO da Cosan, o comunicado não cita o motivo da renúncia de Mussa. Apenas confirmou o recebimento da renúncia do executivo aos cargos de conselheiro.
“A companhia agradece ao Ricardo Mussa pela dedicação e contribuição que prestou nos 17 anos que atuou como executivo das empresas do Grupo Cosan”, escreveu Araujo no comunicado enviado à CVM.
Mussa foi também vice-presidente-executivo responsável pela logística, trading e distribuição da Raízen, CEO da Cosan Lubrificantes e posteriormente CEO da Moove Lubrificantes.
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Antes, ele desempenhou funções em multinacionais como Unilever e Danone, principalmente na área de supply chain, segundo o currículo divulgado.
Rotatividade de executivos
As recentes mudanças de cargos C-level no grupo aprovadas pelo conselho de istração em outubro chegaram a surpreender alguns analistas do sell side, como Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins, do Goldman Sachs.
Eles escreveram em relatório no dia 22 de outubro que o anúncio foi uma “supresa”, dada a magnitude das mudanças em todo o grupo e o fato de que a alta liderança da Cosan havia mudado menos de um ano antes.
Por sua vez, os analistas do BTG Pactual (BPAC11), Thiago Duarte, Pedro Soares e Henrique Pérez, relacionaram a troca de funções ao senso de urgência do grupo para reduzir sua alavancagem em um cenário de juros elevados.
“Já faz algum tempo que esperávamos algo assim. A Cosan tem um longo histórico de rotatividade de altos executivos. Isso permite que diferentes conjuntos de habilidades fossem implantados em vários negócios, mostrando diferentes estágios de maturação e estados de necessidade”, escreveu a equipe do BTG.
Na Raízen, o cargo de CEO, que Mussa ocupou até o final de outubro, foi ocupado por Gomes, que comandava a holding desde o início do ano. Antes, Gomes tinha sido CEO da Com. Já Rafael Bergman, que era o CFO da Rumo (RAIL3), assumiu a função de CFO da Raízen.
No lugar de Bergman, foi indicado Guilherme Machado, que está no grupo desde 2009 e vinha atuando como CFO na Com desde o início do ano. As mudanças entraram em vigor no dia 1º de novembro.
As ações da Cosan acumulam uma desvalorização de 47,37% desde o início do ano. A companhia é avaliada na em R$ 19 bilhões na B3.
Na última sexta-feira (29), a CVM e a B3 questionaram a Cosan sobre as últimas oscilações atípicas de suas ações na quinta-feira (-6,13%), na quarta (-2,36%), na terça (-2,05%). A Cosan respondeu que “não houve nenhum ato ou fato relevante” de seu conhecimento para justificar as variações.
Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com agem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.