Nubank investe US$ 150 milhões em banco digital na África do Sul e nas Filipinas
Banco digital comandado por David Vélez lidera aporte em rodada Série D no Tyme Group, com sede em Singapura, em movimento que sinaliza ambições globais para mercados emergentes
Nubank investe US$ 150 milhões em banco digital da África do Sul e das Filipinas |Sede do Nubank em São Paulo: banco digital faz investimento de cerca de R$ 900 milhões no Tyme Group, presente na Ásia e na África
Bloomberg Línea — O Nubank deu novo o em seus planos de expansão internacional com um investimento de US$ 150 milhões no Tyme Group, um banco digital com operações na África do Sul e nas Filipinas, segundo comunicado ao mercado na noite desta segunda-feira (16).
O aporte faz parte de uma rodada Série D de US$ 250 milhões do banco digital com sede em Singapura e foco em mercados emergentes. O Nubank liderou a captação, que contou ainda com cheque de US$ 50 milhões do M&G Catalyst Fund e de outros US$ 50 milhões de investidores anteriores.
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Com o investimento de cerca de R$ 900 milhões ao câmbio atual, o Nubank (NU) se torna sócio minoritário do Tyme Group, que foi fundado em 2019 e tem o African Rainbow Capital, de Patrice Motsepe, como principal acionista, além da chinesa Tencent também como sócia, entre outros.
O Tyme Group tem sido apontado como um dos bancos digitais de crescimento mais acelerado do mundo: a base cresceu cerca de 75% neste ano, de 8,5 milhões para 15 milhões de clientes, com um modelo que guarda semelhanças com o do Nubank, sem cobrança de tarifas e operação digital.
Segundo comunicado do banco brasileiro, “o Tyme Group opera com um modelo híbrido que combina uma plataforma digital centrada no cliente com experiências físicas, oferecidas em parceria com varejistas locais por meio de quiosques digitais e embaixadores”.
O Nubank, atualmente com 110 milhões de clientes no Brasil, na Colômbia e no México, se tornou ao longo dos últimos anos um dos maiores bancos digitais do mundo e um case para a indústria financeira.
As ambições globais têm sido expressadas com recorrência por meio de declarações de seus cofundadores e, mais notadamente, do CEO global, David Vélez.
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“Desde o início do Nubank acreditamos que o futuro dos serviços financeiros globais pertence às empresas nativas digitais”, disse Vélez em comunicado.
“Encontramos dezenas de times de diferentes regiões do mundo e acreditamos que o Tyme Group está extremamente bem posicionado para se tornar um dos bancos digitais líderes na África e no sudeste da Ásia. Estamos empolgados em trabalhar com eles para compartilhar muitos dos nossos aprendizados em escalar este modelo para centenas de milhares de clientes”, afirmou o CEO do Nubank.
O investimento de US$ 150 milhões também evidencia a situação confortável de caixa do Nubank em razão de uma operação com elevados níveis de rentabilidade. A Nu Holdings contava com excesso de caixa de US$ 2,4 bilhões ao fim do terceiro trimestre, sem contar um excedente de US$ 1,6 bilhão em capital nas regiões em que tem operações.
Segundo Coen Jonker, presidente e cofundador do Tyme Group, no mesmo comunicado, “contar com o Nubank como acionista ajudará a fortalecer nosso modelo, execução e planos de expansão, tanto financeiramente quanto por meio de aconselhamento empresarial”.
Em maio ado, em evento em São Paulo, Vélez usou uma analogia para definir o estágio de expansão do banco.
Em termos globais, “estamos no primeiro segundo do primeiro minuto do primeiro tempo”, disse o cofundador do banco em referência aos noventa minutos de uma partida de futebol.
Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.