Iguá arremata leilão de saneamento de Sergipe por R$ 4,5 bilhões, com ágio de 122%
Com a vitória, operação em Sergipe será a maior do grupo, que ará a atender 5 milhões de pessoas; Aegea, BRK Ambiental e Pátria também disputaram o projeto
Iguá arremata leilão de saneamento de Sergipe por R$ 4,5 bilhões, com ágio de 122% |Companhia estadual de Sergipe seguirá responsável por uma parte da operação
Bloomberg Línea — Em um leilão concorrido, a Iguá Saneamento arrematou, por R$ 4,5 bilhões, a concessão de água e esgoto do estado de Sergipe, em uma disputa promovida nesta quarta-feira (4) na sede da B3, em São Paulo. O valor corresponde a um ágio de 122% sobre a outorga mínima, de R$ 2 bilhões.
Outros três grupos participaram da disputa, conforme antecipou a reportagem da Bloomberg Línea. A Aegea deu um lance de R$ 3,6 bilhões; a BRK ofertou R$ 3,2 bilhões e, o Pátria Investimentos, R$ 2,7 bilhões.
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O projeto prevê a universalização dos serviços de água e esgoto para cerca de 2,3 milhões de pessoas em 74 municípios do estado de Sergipe. A modelagem abrange bloco único, e o investimento estimado ao longo do contrato, de 35 anos, é de aproximadamente R$ 6,3 bilhões.
A estruturação do projeto foi feita pelo BNDES. A companhia estatal de saneamento do estado, a Deso, continuará responsável pelo suprimento de água bruta e tratamento do insumo. Também fornecerá água para os clientes industriais e comerciais.
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Segundo o presidente da Iguá, Roberto Barbuti, a conquista representa um o relevante para o grupo.
“São 35 anos [de contrato], para nós representa um o muito importante, será nossa concessão com o maior número de pessoas atendidas”, afirmou o executivo após o certame.
A Iguá, que tem como um de seus acionistas o Canada Pension Plan Investment Board (P Investments), possui atualmente 16 operações, sendo 14 concessões e duas parcerias público-privadas (PPPs) em 27 municípios distribuídos por seis estados, totalizando cerca de 3 milhões de pessoas.
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Com a operação de Sergipe, a companhia atinge 5 milhões de pessoas atendidas.
“Com essa conquista, a Iguá se coloca como protagonista do setor. O projeto foi bem estruturado e ou confiança aos nossos acionistas e financiadores, foram quase dois anos de análises”, destacou Barbuti.
Segundo o executivo, os recursos para o projeto virão de uma combinação de aumento de capital dos acionistas e financiamento, que já está acertado para a outorga.
Na avaliação do consultor e coordenador econômico do consórcio estruturador do projeto, Ewerton Henriques, o resultado do leilão veio dentro do esperado. “O resultado demonstrou o interesse do mercado pelo setor de saneamento, que tem ativos de qualidade que ainda vão a mercado nos próximos meses.”
Para o diretor da Ikigai Consultoria e especialista em saneamento e gestão da água, Percy Soares Neto, o resultado do certame representa uma vitória para o setor. “Isso abre um novo ciclo de projetos de saneamento, é um farol importante para os estados que não se mexeram. Ainda há uma grande oportunidade no setor”, avalia.
Leilões à frente
De acordo com a superintendente de infraestrutura do BNDES, Luciene Machado, a instituição ainda tem um conjunto importante de projetos de saneamento à frente.
“Sabíamos que Sergipe tinha a modelagem mais avançada, mas temos ainda outros três projetos bastante maduros para serem levados para consulta pública”, disse a executiva em entrevista à Bloomberg Línea.
Segundo Machado, os projetos de saneamento mais avançados são dos estados do Pará, Pernambuco e Rondônia. Ela acrescenta que o projeto do Pará deve abrir consulta pública ainda no mês de setembro.
“São estados mais amplos do que Sergipe, com um conjunto de investimentos muito maior a ser feito. Precisamos que os leilões tenham proponentes que se engajem e façam boas propostas”, destacou.
Sobre novos projetos, Barbuti disse que a Iguá tem estudado todas as concessões relevantes. “A companhia tem uma diretriz estratégica de estar presente em áreas que tenham, no mínimo, 200.000 habitantes. Nos últimos processos que aconteceram, a empresa participou de basicamente todos”, disse o executivo.
Ele acrescenta, porém, que a companhia será “seletiva” na escolha dos ativos. “Temos um rigor muito grande na nossa estratégia de investimento”, afirmou.
Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem agens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.