De Taylor Swift a Beyoncé: Live Nation lucra com shows, mas está na mira do governo
Empresa pega carona na demanda reprimida por shows e negocia a 76 vezes o lucro, mais do que a Tesla, enquanto analistas questionam se retomada é sustentável
Beyoncé em show em Los Angeles: turnê promovida pela Live Nation(Photographer: Kevin Winter/Getty/Kevin Winter)
Bloomberg — É o verão da música ao vivo nos Estados Unidos e na Europa, com aparentemente todas as mega estrelas - de Taylor Swift a Beyoncé e Bruce Springsteen - em turnê em 2023. E poucas empresas estão se beneficiando mais do que a Live Nation Entertainment (LYV).
Mas isso não significa que 2024 será a mesma extravagância.
PUBLICIDADE
As ações da gigante de venda de ingressos e promoção de shows despencaram até 16% na sexta-feira (28), depois de atingirem brevemente uma alta de 52 semanas, em razão de uma reportagem do site Politico que noticiou que o Departamento de Justiça dos EUA, o DOJ, poderia abrir um processo antitruste contra a Live Nation e sua subsidiária Ticketmaster até o final do ano. As taxas cada vez maiores cobradas pela empresa também chamaram a atenção da Casa Branca e do Congresso.
“Embora a Live Nation tenha feito alterações de preços para aumentar a transparência e melhorar a experiência do consumidor, achamos que o DOJ poderia adotar linha dura e potencialmente processar para desfazer a fusão de 2010 com a Ticketmaster, uma vez que o decreto de consentimento inicial já foi estendido em 2019″, escreveu a analista Jennifer Rie, da Bloomberg Intelligence, em relatório na sexta.
As ações da empresa, que subiram 28% neste ano em comparação com um ganho de 19% no S&P 500, inicialmente se recuperaram depois que a Live Nation informou que superou as estimativas de lucros no segundo trimestre após o fechamento do mercado na quinta (27).
PUBLICIDADE
A ação, que encerrou a sessão nesta sexta em queda de 7,90%, agora está avaliada em 76 vezes o lucro, tornando-a mais cara do que a Tesla, que tem um múltiplo de 75.
Os ganhos trimestrais acima do esperado levaram a uma série de elevações de preço-alvo e valuations por analistas de Wall Street na sexta-feira. A Oppenheimer iniciou a cobertura com recomendação de outperform e estabeleceu um preço-alvo de US$ 115, enquanto o JPMorgan Chase (JPM) manteve a sua de overweigh, com elevação do preço-alvo de US$ 110 para US$ 115.
Dos 22 analistas que cobrem a ação, 21 avaliam que ela vai superar ou manter o desempenho, com um preço-alvo médio de 12 meses de mais de US$ 108.
PUBLICIDADE
Por seu lado, a empresa está otimista quanto ao seu futuro.
“Não achamos que seja apenas uma recuperação da Covid”, disse o CEO Michael Rapino na teleconferência de resultados da empresa na quinta-feira. “Achamos que este será o momento em que viver em uma base global terá um crescimento incrível nos próximos anos.”
Além da ameaça de um processo do DOJ, existe a possibilidade de que o mercado de shows esteja ando por um momento mágico pós-Covid neste verão, quando a demanda reprimida encontra uma ampla oferta de grandes nomes.
PUBLICIDADE
Olhando para o futuro, o problema óbvio é que, com os preços dos ingressos na América do Norte em média a US$ 120 neste ano, de acordo com dados da Pollstar, quantas pessoas continuarão gastando muito dinheiro para assistir a um show na próxima vez?
“Acho que o boom de reabertura acabou”, disse Doug Arthur, analista da Huber Research Partners, o único analista da Live Nation com uma classificação underweight nas ações. “Historicamente, o negócio de concertos permanece robusto em um ano de recessão e depois sente o impacto com algum atraso.”
Arthur também apontou para a decisão da Live Nation de não pagar sua dívida neste trimestre. Ele esperava que a empresa usasse seu fluxo de caixa a partir de 2022 para reduzir sua substancial exposição ao crédito. Mas isso nunca aconteceu.
“Eles têm um grande volume de despesas com juros”, disse ele. “E eu não ignoro isso.”