App de idiomas Duolingo amplia uso de IA e dispensa 10% da equipe terceirizada
‘Não precisamos mais de tantos prestadores de serviços porque podemos atribuir parte do serviço à IA’, disse um porta-voz do app
App de idiomas Duolingo amplia uso de IA e dispensa 10% da equipe terceirizadaOutras empresas, como a Microsoft e a IBM, também estão incorporando a IA às suas operações (Foto: Gabby Jones/Bloomberg)(Bloomberg/Gabby Jones)
Bloomberg — A Duolingo (DUOL), conhecida pelo aplicativo de aprendizado de idiomas, dispensou o equivalente a 10% dos seus prestadores de serviços no momento em que já utiliza Inteligência Artificial (IA) generativa para criar mais conteúdo. É o mais recente sinal de que as empresas têm transferido algumas tarefas normalmente realizadas por trabalhadores para ferramentas de IA.
A informação foi anunciada por um porta-voz da empresa na segunda-feira (8).
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“Não precisamos mais de tantas pessoas para fazer o tipo de trabalho que alguns desses prestadores de serviços faziam. Parte disso pode ser atribuída à IA”, disse o porta-voz.
O CEO Luis von Ahn afirmou em carta aos acionistas em novembro que a empresa tem usado IA generativa – uma tecnologia que permite que os usuários criem texto, fala e imagens com mais rapidez – para produzir “novos conteúdos com muito mais rapidez”, como os roteiros de programas que ajudam a ensinar idiomas.
A empresa também usa IA para gerar vozes dentro do aplicativo e criou um nível , o Duolingo Max, com gerado por IA e conversas em outros idiomas.
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As ações da empresa fecharam em alta de 3,07% na segunda-feira (8), chegando a valer US$ 210,40 depois de mais do que triplicar em 2023. Nesta terça, os papéis operavam em queda de 1,14% às 11h57 (horário de Brasília).
O porta-voz disse que o corte de empregos não é uma “substituição direta” de trabalhadores pela IA, já que muitos de seus funcionários em tempo integral e contratados usam a tecnologia em seu trabalho.
O Duolingo tinha 600 funcionários em tempo integral no final de 2022, de acordo com os registros da empresa. O porta-voz acrescentou que nenhum funcionário em tempo integral foi afetado pelo corte.
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O intenso interesse na IA generativa levou grupos de funcionários e sindicatos a questionar se as empresas usarão a tecnologia como desculpa para reduzir sua força de trabalho.
Um relatório publicado em abril pelo Fórum Econômico Mundial estimou que a IA causaria “perturbações significativas no mercado de trabalho” nos próximos cinco anos, embora o impacto líquido possa ser positivo, pois os empregadores buscam trabalhadores com mais habilidades técnicas para navegar pelo uso da tecnologia.
Em dezembro, a Microsoft (MSFT) respondeu a essas preocupações e anunciou uma aliança com a Federação Americana do Trabalho e o Congresso de Organizações Industriais, formada por 60 sindicatos que representam 12,5 milhões de trabalhadores, para treinar pessoas sobre IA e analisar como a tecnologia pode afetar o emprego.
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Em um evento que anunciou a parceria, o presidente da Microsoft, Brad Smith, disse que o objetivo é reunir a indústria e os trabalhadores para “aprimorar” a maneira como as pessoas trabalham.
“Não posso me sentar aqui e dizer que a IA nunca substituirá um emprego”, disse Smith no evento. “Acho que isso não seria honesto. A IA foi bem projetada para acelerar e eliminar algumas das partes do trabalho das pessoas que você pode considerar como trabalho pesado”.
A Chegg, que oferece serviços online de ajuda com exercícios de tarefas escolares, disse em junho que cortará 4% de sua força de trabalho e incorporará melhor a IA em suas aulas particulares à medida que os alunos se sentirem mais à vontade com os chatbots.
Em maio, o CEO da IBM (IBM), Arvind Krishna, afirmou que a empresa esperava interromper as contratações para as funções que acredita poderem ser substituídas pela tecnologia de IA nos próximos anos. Ele disse que 30% dos empregos em cargos de back office, como recursos humanos, poderiam ser automatizados com ferramentas de IA em um período de cinco anos.