Absolute e Ibiuna ampliam retorno com aposta na queda de juros no Brasil e no exterior
Índice de hedge funds IHFA subiu 4% no último mês, o melhor desempenho desde que os dados começaram a ser monitorados, superando a taxa de referência do CDI, que avançou 1,1% no mesmo período
Absolute e Ibiuna ampliam retorno com aposta na queda de juros no Brasil e no exterior |Os fundos lucraram ao prever corretamente quedas dos juros locais e globais como um efeito das tarifas, que ameaçam prejudicar o crescimento da economia mundial (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)(Bloomberg/Victor Moriyama)
Bloomberg — As gestoras de fundos multimercado ainda veem espaço para queda nas taxas de juros tanto no Brasil quanto no exterior, uma aposta que gerou o melhor retorno mensal já registrado para a categoria.
O índice de hedge funds IHFA, criado pela Anbima, a associação brasileira do mercado de capitais, subiu 4% no último mês, o melhor desempenho desde pelo menos o final de 2007, quando os dados começaram a ser monitorados. A taxa de referência do CDI avançou 1,1% no mesmo período — a primeira vez desde novembro de 2024 que os fundos multimercado locais conseguiram superar seu ‘benchmark’.
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Algumas das principais gestoras multimercado, como Absolute Investimentos, Ibiuna Investimentos e Legacy Capital, ainda detêm apostas em quedas de juros depois que conseguiram retornos de mais de 3% após taxas. Os fundos lucraram ao prever corretamente quedas dos juros locais e globais como um efeito das tarifas, que ameaçam prejudicar o crescimento da economia mundial. Localmente, a taxa do DI futuro com vencimento em janeiro de 2029 caiu 1,2 ponto percentual no período.
Kapitalo Investimentos e Vinland Capital também se posicionam no mercado de juros doméstico, à espera de mais uma rodada de queda nos juros no Brasil.
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Os fundos locais interpretaram que as tarifas significariam menor crescimento e lucraram apostando em “juros mais baixos em diferentes geografias”, disse Thiago Mendez, sócio e gestor de renda fixa e multimercados da Bahia Asset. A Bahia Asset detém atualmente uma posição de achatamento na curva de juros reais no Brasil com queda das taxas reais mais longas, ao mesmo tempo em que aposta em juros mais baixos nos EUA.
Apostas em um dólar mais fraco também impulsionaram o desempenho da Bahia Asset, além da Ace Capital.
“Preferimos comprar bolsa europeia, já que achamos que a tendência de médio-prazo é a diminuição da concentração do mundo em ativos americanos. Avaliamos que uma posição comprada em bolsa europeia é diferenciada. E continuamos gostando muito da posição vendida em dólar”, disse Fabiano Rios, sócio-fundador e diretor de investimentos da Absolute, que detém mais de R$ 30 bilhões em ativos sob gestão.
Veja o que os gestores de portfólio disseram em suas notas mensais:
Absolute Investimentos
A gestora está apostando numa queda do dólar contra o euro, o dólar canadense, o dólar australiano e o iene japonês. Também aposta em bolsas de Europa e emergentes.
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Absolute Vertex FIC +4,4%
Ace Capital
A Ace detém posições que se beneficiam de quedas de juros em diversos países que a gestora não especificou.
Não há razão para uma expectativa de cortes de juros no Brasil este ano, dado que o IPCA deve subir acima do nível de 6% e a demanda da economia está resiliente.
Fundo aposta em dólar mais fraco contra o euro e o iene japonês. Também se posiciona para juros menores em economias desenvolvidas e emergentes, sem dar mais detalhes.
Kapitalo iniciou posições táticas no mercado de juros do México, enquanto segue com apostas nas taxas reais e nominais no Brasil. Gestora cortou aposta contra o real e o yuan chinês.
Kapitalo Kappa FIN +1,7%
Link para carta
Legacy Capital
Fundo aposta no dólar mais fraco contra uma cesta de moedas por expectativas de desaceleração da economia dos EUA e pela busca dos investidores por ativos não-denominados em dólar.
Verde elevou a sua alocação em cripto enquanto mantém a aposta favorável aos preços do ouro. Segue liquidamente vendido em bolsa brasileira e constrói posição que ganha com a queda das ações globais.