Supremo Tribunal da Argentina proíbe Cristina Kirchner de ocupar cargos públicos
Corte decidiu manter a condenação da ex-presidente por corrupção, ratificando uma sentença de 2022; ela pode ter de cumprir pena de prisão
Supremo Tribunal da Argentina proíbe Cristina Kirchner de ocupar cargos públicos |Cristina Fernández de Kirchner, em foto de 2022: considerada culpada de acusações de corrupção. (Foto: Erica Canepa/Bloomberg)(Bloomberg/Erica Canepa)
Bloomberg — O Supremo Tribunal da Argentina manteve a condenação por fraude da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, ratificando sua sentença de seis anos de prisão, bem como uma proibição vitalícia de ocupar cargos públicos, segundo a imprensa local.
No momento em que o presidente Javier Milei enfrenta uma votação crucial de meio de mandato em outubro, os três ministros do Supremo Tribunal da Argentina decidiram na terça-feira (10) sobre um dos casos mais polarizadores do país.
PUBLICIDADE
Na preparação para a decisão, sindicatos e afiliados partidários bloquearam o trânsito ao redor de Buenos Aires, queimando pneus e batendo tambores.
Kirchner, que agora pode enfrentar prisão iminente, foi considerada culpada de acusações de corrupção em 2022 em um caso jurídico histórico, mas evitou o tempo de prisão pois gozava de imunidade como vice-presidente em exercício.
A condenação foi mantida em recurso em 2024 e Kirchner esgotou suas opções legais, deixando a decisão final para o mais alto tribunal da Argentina.
Aos 72 anos, no entanto, é improvável que ela enfrente tempo de prisão, uma vez que tem direito à prisão domiciliar. Na semana ada, Kirchner anunciou que concorreria na eleição legislativa provincial de Buenos Aires em setembro, o que alguns especialistas acreditam que poderia ter lhe concedido imunidade, ou pelo menos prolongado o processo. A decisão extingue essa possibilidade.
Embora Kirchner permaneça como a segunda política mais popular da Argentina, apenas 33% a veem de forma positiva, de acordo com a mais recente pesquisa LatAm Pulse, uma enquete mensal conduzida pela AtlasIntel para a Bloomberg News.
PUBLICIDADE
A ex-presidente mobilizou o resto do partido peronista conforme a decisão se aproximava, instando apoiadores a se mobilizarem antes da eleição, onde Milei espera conquistar uma parcela maior de assentos no Congresso para aprovar reformas econômicas de longo prazo.
“Este modelo não é viável”, disse ela sobre o governo de Milei diante de uma multidão de apoiadores na noite de segunda-feira. “Eles acham que vão resolver me mandando para a prisão. Posso ser presa, mas as pessoas vão estar pior a cada dia.”
Kirchner serviu como presidente de 2007 a 2015. Seu partido perdeu a eleição mais recente para Milei, mas ela permaneceu como uma líder proeminente da oposição, servindo como presidente de seu partido.
PUBLICIDADE
Uma figura divisiva, Kirchner sobreviveu a uma tentativa de assassinato fracassada em 2022 e enfrenta outros casos de corrupção em vários estágios de litígio. Ela repetidamente negou irregularidades no caso de corrupção e o denunciou como uma manobra política de seus oponentes e do sistema judiciário.
Em março, o governo americano proibiu Kirchner e sua família imediata de entrar no país devido à sua condenação por corrupção.