Bloomberg — O governo do presidente Joe Biden planeja mais uma rodada de restrições às exportações de chips de inteligência artificial, como os produzidos pela Nvidia, poucos dias antes de deixar o cargo. É uma última etapa de seu esforço para manter tecnologias avançadas fora das mãos da China e da Rússia.
Os Estados Unidos pretendem limitar a venda de chips de IA usados em data centers tanto em uma base por país quanto por empresa, com o objetivo de concentrar o desenvolvimento de IA em nações aliadas e fazer com que empresas ao redor do mundo se alinhem aos padrões americanos, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.
O resultado seria uma expansão das restrições ao comércio de semicondutores para a maior parte do mundo — uma tentativa de controlar a disseminação da tecnologia de IA em um momento de demanda crescente.
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As regulamentações, que podem ser emitidas já nesta sexta-feira (10), criariam três níveis de restrições aos chips, disseram as pessoas, que pediram anonimato devido à confidencialidade das discussões.
No nível mais alto, um pequeno número de aliados dos EUA teria o praticamente ir aos chips americanos.
Enquanto isso, um grupo de adversários seria efetivamente bloqueado de importar os semicondutores. A grande maioria do mundo enfrentaria limites sobre o total de capacidade computacional que pode ser destinado a um país.

Empresas sediadas em nações deste último grupo poderiam contornar os limites nacionais — e obter seus próprios limites significativamente mais altos —, desde que concordassem com um conjunto de requisitos de segurança e padrões de direitos humanos definidos pelo governo dos EUA, de acordo com as pessoas.
Esse tipo de designação — conhecido como usuário final validado, ou VEU, busca criar um grupo de entidades confiáveis para desenvolver e implementar IA em ambientes seguros ao redor do mundo.
As ações da Nvidia (NVDA), líder na fabricação de chips de IA, caíram mais de 1% nas negociações no final do pregão de quarta-feira, após o plano ter sido reportado pela Bloomberg.
Os papéis da empresa subiram 4,3% neste ano até o fechamento do mercado, após ganhos expressivos em 2023 e 2024, que a tornaram a fabricante de chips mais valiosa do mundo.
A Advanced Micro Devices (AMD), maior concorrente da Nvidia em processadores de IA, teve uma queda de menos de 1% no pregão estendido.
As bolsas nos EUA permanecem fechadas nesta quinta para o dia de homenagens ao ex-presidente Jimmy Carter, que faleceu em 29 de dezembro.
A Nvidia se opôs à proposta em um comunicado: “Uma regra de última hora restringindo exportações para a maior parte do mundo seria uma mudança significativa de política que não reduziria o risco de uso indevido, mas ameaçaria o crescimento econômico e a liderança dos EUA”, disse a empresa.
“O interesse mundial na computação acelerada para aplicações cotidianas é uma tremenda oportunidade para os EUA cultivarem, promovendo a economia e adicionando empregos nos EUA.”
Um representante do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca não comentou o assunto. O Bureau de Indústria e Segurança, do Departamento de Comércio, responsável pelos controles de exportação de chips, não respondeu a um pedido de comentário.
As medidas baseiam-se em anos de restrições que já limitam a capacidade de fabricantes americanos de chips, como a Nvidia e a AMD, de vender processadores avançados para a China e a Rússia.
Os EUA também têm procurado impedir que nações adversárias em tecnologia de ponta por meio de intermediários em regiões como o Oriente Médio e o Sudeste Asiático. O último rascunho das regras faz parte desse esforço global.
As regulamentações seguem meses de debates sobre a rapidez e a abrangência da implementação de chips dos EUA em data centers globais.
Como os chips americanos superam em muito os chineses em tarefas de IA, empresas e até países inteiros demonstraram que estão dispostos a ar por obstáculos para obter o à tecnologia dos EUA. Isso confere aos EUA um papel único como obstáculo — e uma alavanca potencialmente significativa para moldar o desenvolvimento global de IA.
Os EUA têm “um momento sério, único em uma geração, para alavancar a tecnologia de IA americana”, escreveram os principais líderes democratas e republicanos do House China Select Committee, em uma carta enviada na semana ada à secretária de Comércio, Gina Raimondo.
“A demanda por tecnologia de IA dos EUA é uma oportunidade de tirar tanto empresas quanto países da órbita de Pequim”, segundo a carta.
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