Reverso da fortuna: bilionários do luxo veem queda de US$ 58 bi em patrimônio
A riqueza dos titãs que controlam a LVMH, a L’Oréal e a Kering, dona da Gucci, encolhe neste ano à medida que a demanda por produtos de alto padrão continua a perder força, especialmente na China
Reverso da fortuna: bilionários do luxo veem queda de US$ 58 bi em patrimônio |Bernard Arnault, fundador e CEO da LVMH: queda de US$ 26 bilhões no patrimônio desde o auge em 2023 (Foto: Benjamin Girette/Bloomberg)
Bloomberg — A riqueza dos titãs do luxo e dos cosméticos da França atingiu níveis sem precedentes durante a pandemia, quando os consumidores saíram às compras de bolsas, vestidos e produtos de beleza caros.
Mas agora três dos maiores bilionários do país - Bernard Arnault, Françoise Bettencourt Meyers e François Pinault - veem suas fortunas diminuírem à medida que o consumo moderado substitui a indulgência.
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O trio, que permanece entre as pessoas mais ricas do mundo, perdeu coletivamente US$ 58 bilhões neste ano, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.
O declínio ocorre à medida que os gigantes do setor que eles controlam - a LVMH, a L’Oréal e a Kering, dona da Gucci - continuam a relatar uma redução na demanda por produtos de alto padrão, especialmente na China.
No período inebriante da pandemia tanto para o setor quanto para os bilionários, os ganhos em riqueza os colocaram no mesmo patamar de magnatas da tecnologia e das finanças, como Elon Musk e Warren Buffett.
Na França, onde residem Arnault, Bettencourt Meyers e Pinault, a queda em seu patrimônio líquido também coincide com a intensificação da pressão política por impostos mais altos sobre os ricos para combater a desigualdade e ajudar a reduzir o enorme déficit do país.
Pinault, de 88 anos, que fundou a empresa que se transformou na Kering, viu sua fortuna ser a mais atingida, com queda de 63% para US$ 22 bilhões em relação à alta de agosto de 2021.
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É o maior declínio percentual de qualquer pessoa que ainda esteja no índice de riqueza da Bloomberg durante esse período e se deve em grande parte aos problemas em sua maior marca de moda, a Gucci.
“Estamos implementando uma transformação radical na Gucci” em um ambiente abaixo do ideal, disse a diretora financeira da Kering, Armelle Poulou, em uma teleconferência de resultados durante a qual ela anunciou o fechamento de lojas. “Isso afeta o ritmo de nossa execução e, sem dúvida, aumenta a dor que sentimos no curto prazo.”
Pinault ou o controle da empresa para seu filho, François-Henri Pinault, de 62 anos, há quase duas décadas e concentrou-se em sua coleção de arte, abrindo museus em Paris e Veneza.
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François-Henri se comprometeu a dar uma guinada na Gucci, mas a advertência desta semana sobre as vendas foi a terceira já feita apenas em 2024.
A atriz Salma Hayek, à esquerda, e seu marido François-Henri Pinault, CEO da Kering, dona da Gucci (Foto: Nathan Laine/Bloomberg)
Desde o início do ano, o patrimônio de Arnault diminuiu em cerca de US$ 26 bilhões, a maior queda entre os 500 mais ricos do mundo segundo a classificação da Bloomberg.
Ele caiu da primeira para a quinta posição no índice, depois que as ações da LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, o maior conglomerado de luxo do mundo, que Arnault, de 75 anos, fundou e ainda controla, caíram cerca de 30% em relação à alta registrada em meados de 2023.
Os resultados também foram decepcionantes na gigante dos cosméticos L’Oreal, e ajudou a eliminar US$ 19 bilhões da fortuna de Bettencourt Meyers neste ano, deixando-a em US$ 81 bilhões.
A herdeira de 71 anos foi, por muitos anos, a mulher mais rica do mundo, posição atualmente ocupada por Alice Walton, uma das acionistas controladoras do Walmart.
“A turbulência pior do que a esperada ocorreu no norte da Ásia, no ecossistema chinês, onde os mercados se tornaram ainda mais negativos, particularmente no setor de luxo”, disse o CEO da L’Oréal, Nicolas Hieronimus, em uma call com analistas.
Os negócios da empresa permaneceram “muito bons” na Europa, na América do Norte e em mercados emergentes, apesar da desaceleração do verão no hemisfério norte, mas na China estão “muito menores do que antes da Covid”.