Insider chega a R$ 400 mi em vendas, contrata CFO e reforça operação em roupas tech

Em entrevista à Bloomberg Línea, o cofundador e CEO, Yuri Gricheno, fala do desafio de comunicar os atributos dos produtos da marca e da chegada de Guilherme Almeida, ex-CFO e ex-RI da Enjoei

Fundadores da Insider ao lado de novo CFO, Guilherme Almeida
16 de Fevereiro, 2025 | 02:02 PM

Bloomberg Línea — Quem gosta de conhecer marcas por meio das redes sociais possivelmente já se deparou com algum anúncio que mostra um homem vestindo uma camiseta que promete não amassar e não cheirar mal. Há variações do anúncio, a depender do influencer seguido nas plataformas ou do podcast ou programa que se acompanha, mas há em geral algo em comum: o produto vendido é da Insider Store.

A Insider é uma marca online criada pelos empreendedores Yuri Gricheno e Carol Matsuse em 2017, que se propõe a vender roupas de qualidade com uma pegada sustentável e tecnológica, de olho principalmente no consumidor que gosta da praticidade oferecida no comércio online.

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A empresa acabar de atingir a marca - e a meta - de R$ 400 milhões em vendas em 2024, segundo contou o CEO e cofundador, Yuri Gricheno, à Bloomberg Línea. E se prepara para um novo momento em que prevê manter a estratégia que tem funcionado até aqui mas também estudar eventuais M&As (fusões e aquisições) para acelerar o crescimento, além de reforçar a operação diante do seu novo tamanho.

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Com esses objetivos em mente, a Insider acabou de trazer o executivo Guilherme Almeida, e-CFO e diretor de RI (Relações com Investidores) da Enjoei, que assumiu como diretor financeiro (veja mais abaixo).

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“O momento de fim de ano é muito relevante para nós, com Black Friday, Cyber Monday e a temporada de Natal”, disse Gricheno ao fazer um balanço de 2024. “Batemos a meta em relação a 2023 antes do fim do ano, com a Black Friday dobrando de faturamento em relação ao ano anterior”, afirmou.

Segundo o executivo, o desafio está principalmente em educar o cliente para entender o que considera valor agregado das peças: “nosso trabalho é conseguir mostrar que às vezes o barato sai mais caro. Nós não ganhamos o cliente quando a roupa estraga e ele precisa comprar outra”, disse.

Dentro dessa visão de mercado, marcas de fast fashion, sobretudo as chinesas, não são consideradas as principais concorrentes.

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“Nós queremos que o produto dure o máximo de tempo possível no guarda roupa das pessoas. A Insider se opõe diretamente ao fast fashion”, afirmou Gricheno.

A empresa diz que não usa poliéster na composição dos tecidos e estabelece parcerias com laboratórios de universidades públicas para utilizar matérias-primas mais sustentáveis. A Insider diz que utiliza tecidos como modal, viscose, liocel, poliamida biodegradável, bioamida e poliamida reciclada.

Desde a sua fundação, a Insider teve um crescimento acima de 100% ano a ano, com exceção de 2021, segundo o cofundador e CEO, ao contextualizar que 2020, com o início da pandemia, foi um ano atípico.

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O ano de 2020 foi, não por acaso, justamente um dos mais positivos para o e-commerce em geral no Brasil, que já vinha em trajetória ascendente desde 2014. Isso porque as medidas de isolamento social e a disseminação do trabalho remoto deram impulso a novos hábitos de comportamento.

No pós-pandemia, a Insider também ou a investir em sua linha feminina, com saias, lingeries e peças esportivas, indo além do vestuário masculino que fez a sua fama inicialmente.

A chegada do ex-CFO da Enjoei

Guilherme Almeida, que trabalhou mais de seis anos no Enjoei, plataforma de brechó online fundado e liderado por Ana Luiza McLaren e Tiê Lima, chegou no fim de novembro ado para ajudar a preparar a Insider para um novo momento.

“Inicialmente, o objetivo é entender a casa e suas alavancas para fazer um diagnóstico. Pensando em desafios futuros, existe um inerente a toda empresa que cresce muito rápido. A Insider, nos últimos anos, vem dobrando de tamanho a cada ano. E isso traz dores de crescimento”, disse Almeida à Bloomberg Línea.

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“Quando cheguei à Enjoei havia entre 40 e 50 pessoas e tive a possibilidade de viver também esse momento de crescimento e de construção de uma empresa”, disse Almeida ao destacar sua experiência.

A Insider começou com investimentos próprios de seus dois fundadores - R$ 50 mil de cada um.

“Ao longo do tempo nós só levantamos dívida como forma de financiamento. Os nossos riscos aqui têm que ser sempre muito bem calculados. E o Guilherme tem um papel muito importante de nos ajudar a pilotar muito bem a Insider”, disse o CEO da companhia sobre os próximos os.

As vendas da Insider estão concentradas no Sudeste, que responde por mais de 50% do total, mas a empresa já tem uma parcela de clientes em mercados internacionais.

Segundo Gricheno, a Insider já vendeu suas roupas para clientes de mais de 40 países. O principal comprador é a América do Norte, mas que ainda representa 1% da receita. A Insider tem um site internacional, em inglês, justamente para angariar novos consumidores internacionais.

Um time de influencers

O crescimento a também pelo marketing de influência, estratégia que têm sido utilizada por empresas para disseminar suas marcas em redes sociais. São cerca de 500 pessoas escolhidas pela Insider para “vestir a camisa” da marca, contou o CEO do grupo.

“São influencers de diferentes perfis, em números de seguidores, de canais de redes sociais diferentes e com formatos de parcerias diferentes. Buscamos pessoas que se identifiquem com a marca e que, portanto, não sejam apenas alguém pago para ar uma mensagem”, disse Gricheno.

“No site não temos tanto espaço para comunicar mensagens um pouco mais profundas, já que é direcionado para a venda. O trabalho dos influenciadores é ajudar nessa ‘evangelização’”, afirmou.

Independentemente do formato utilizado para disseminar a marca, a estratégia a longo prazo está bem definida, segundo Gricheno.

“Essa visão não vai mudar: buscamos ser uma referência, a marca número um de itens essenciais com o diferencial tecnológico de produtos mais sustentáveis e mais duradouros para o guarda-roupa das pessoas”, afirmou o CEO, que disse ver a trajetória da empresa ainda “só no começo”.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula agens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.