Ata do Copom deixa em aberto futuro da Selic e cita cenário incerto
Os diretores do BC afirmaram que vão esperar que os efeitos da política monetária restritiva ‘se aprofundem nos próximos trimestres’
Ata do Copom deixa em aberto futuro da Selic e cita cenário incertoNa semana ada, o Copom decidiu aumentar em 0,5 percentual a taxa Selic para 14,75% ao ano.(Bloomberg/Andressa Anholete)
Bloomberg — O Banco Central divulgou nesta terça-feira (13) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidiu por unanimidade na semana ada aumentar em 0,5 percentual a taxa Selic para 14,75% ao ano.
Os diretores do banco central afirmaram, na ata, que os juros elevados estão contribuindo para uma moderação do crescimento econômico — e que isso deve continuar nos próximos trimestres.
PUBLICIDADE
Ao mesmo tempo, os diretores alertaram que “em um ambiente de expectativas desancoradas, é necessário um aperto monetário maior e por um período mais longo do que seria apropriado em condições normais.”
“As expectativas de inflação desancoradas são um fator de desconforto compartilhado por todos os membros do Comitê e precisam ser contidas”, escreveram os dirigentes na ata da reunião de política monetária realizada em 6 e 7 de maio, quando elevaram a taxa Selic em 0,50 ponto percentual.
PUBLICIDADE
Eles disseram esperar que os efeitos da política monetária restritiva “se aprofundem nos próximos trimestres”.
Os dirigentes elevaram os juros para 14,75%, o nível mais alto em quase duas décadas.
A inflação anual segue bem acima da meta de 3%. Ainda assim, as projeções para os preços ao consumidor neste ano recuaram ligeiramente, enquanto a incerteza no comércio global alimenta preocupações com um crescimento mais lento.
PUBLICIDADE
A inflação na maior economia da América Latina tem sido pressionada pelo mercado de trabalho aquecido e pela forte demanda por serviços, além do impacto defasado da forte depreciação do real no final de 2024.
Os preços ao consumidor subiram 5,53% em abril na comparação anual, segundo o IBGE. Analistas ouvidos pelo Banco Central preveem que a inflação anual continuará acima da meta até 2028.
Segundo a ata, a perspectiva de curto prazo para os preços ao consumidor permanece adversa.
A inflação de serviços está acima do nível necessário para o cumprimento da meta, e os preços dos alimentos seguem elevados, podendo impactar outros preços no médio prazo.
“O Copom avaliou que as medidas de inflação subjacente permanecem acima do valor compatível com o cumprimento da meta há meses, o que corrobora a interpretação de que a inflação está sendo pressionada pela demanda”, escreveram os dirigentes.
Enquanto isso, o impacto das tarifas comerciais globais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a economia brasileira ainda é incerto.
“Ainda é cedo para concluir qual será a magnitude do impacto na economia doméstica”, afirmaram os diretores.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ainda pode crescer cerca de 2,5% em 2025, apesar dos juros elevados, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista a um site de notícias local na segunda-feira.
Os diretores do Banco Central também seguem cautelosos em relação às políticas fiscais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante das preocupações dos investidores de que o líder de esquerda possa ser tentado a aumentar os gastos públicos à medida que se aproxima o ano eleitoral de 2026.
Segundo a ata, as incertezas em torno da dívida pública têm potencial para elevar a taxa de juros neutra da economia.