Minerva prevê queda da oferta global de gado e pressão sobre o preço da carne
Fernando Galletti de Queiroz, CEO do frigorífico, disse em teleconferência de resultados que China e Europa, além dos EUA, enfrentam agora uma redução da oferta de gado
MinervaThe US became Minerva’s main client by the end of 2024, making up 23% of its exports and suring former top client China.
Photographer: Chase Castor/Bloomberg(Chase Castor/Bloomberg)
Bloomberg — Os rebanhos de gado estão diminuindo nos Estados Unidos, na Europa e na China, de acordo com a Minerva, em um sinal de que os preços da carne bovina podem aumentar ainda mais.
Os Estados Unidos já estão lutando com o menor rebanho em mais de sete décadas, e agora a China e a Europa estão começando a enfrentar uma redução em seus suprimentos de gado, disse Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva, durante uma teleconferência de resultados nesta quinta-feira (20).
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As ações da Minerva (BEEF3) subiram até 12% em São Paulo na quinta-feira (20), a maior alta desde dezembro de 2021, uma vez que a empresa relatou uma forte receita no quarto trimestre, apesar dos desafios do aumento dos preços do gado.
O gado para abate no Brasil também deve começar a diminuir este ano em relação a um recorde em 2024, de acordo com a Minerva. No entanto, o aumento da fertilidade e do peso do gado pode aumentar a oferta de carne bovina brasileira, disse a empresa.
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A empresa disse que começou a integrar 13 plantas de abate que comprou da Marfrig (MRFG3), o que também ajudará a aumentar a oferta.
A oferta restrita já está elevando os preços nos Estados Unidos, com os futuros do gado atingindo um novo recorde em janeiro, enquanto a carne bovina no atacado também subiu.
O preço médio pago pelos importadores pela carne bovina brasileira subiu 8,9% em fevereiro em relação ao ano anterior. Apesar dos preços mais altos, Minerva está otimista quanto às perspectivas globais da empresa.
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"O que chama a atenção é que, mesmo com o aumento dos preços, estamos vendo uma grande resiliência na demanda", disse Queiroz.
A demanda crescente já está ajudando os frigoríficos da América do Sul, como a JBS (JBSS3) e a Minerva, que viu suas vendas para os Estados Unidos aumentarem no último ano. Os Estados Unidos se tornaram o principal cliente da Minerva até o final de 2024, representando 23% de suas exportações e ultraando o antigo principal cliente, a China.
Tarifas de Donald Trump
A Minerva também vê uma oportunidade de se beneficiar da guerra comercial de Donald Trump, à medida que o presidente dos Estados Unidos se movimenta para impor tarifas sobre produtos de seus parceiros comerciais. O Brasil poderia aumentar suas exportações de carne bovina para os Estados Unidos fornecendo cortes atualmente fornecidos por empresas australianas.
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"Se os Estados Unidos impem tarifas sobre a Austrália, isso se tornará um grande divisor de águas para exportarmos para os Estados Unidos", disse Queiroz.
A Minerva também está de olho no crescimento do Japão, já que o Brasil está em negociações avançadas para abrir esse mercado à sua carne bovina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja uma viagem ao país asiático neste mês.
A Minerva informou na quarta-feira que sua receita no quarto trimestre aumentou 74% em relação ao ano anterior, superando as estimativas dos analistas. Cerca de 58% da receita do ano ado veio das exportações.