Kepler Weber fecha maior contrato em 5 anos para planta de etanol de trigo no RS
Planta da Be8 em o Fundo será a primeira de grande porte no estado a produzir o biocombustível a partir da cultura; projeto demandou investimento de R$ 1,26 bilhão, segundo a empresa
Kepler Weber fecha maior contrato em cinco anos para planta de etanol de trigo no RS |A obra começou a ser executada em julho do ano ado e tem previsão para ser concluída no segundo semestre de 2026(Krisztian Bocsi)
Bloomberg Línea — A Kepler Weber (KEPL) anunciou nesta segunda-feira (26) que fechou o seu maior contrato dos últimos cinco anos.
O cliente foi a Be8, uma das maiores empresas de biocombustíveis no Brasil. O valor do negócio não foi divulgado. O empresário Erasmo Battistella é o presidente da companhia e da BSBIO.
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O acordo prevê a construção de uma megaestrutura de beneficiamento e armazenagem de grãos da Kepler em o Fundo (RS), com capacidade para estocar até 160 mil toneladas de trigo.
A nova planta da Be8 será a primeira de grande porte no Rio Grande do Sul dedicada à produção de etanol a partir de trigo, além de Grãos Secos de Destilaria com Solúveis (DDGS) e glúten vital, um tipo de concentrado proteico com aplicações na indústria alimentícia
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A capacidade de processamento da nova planta é de 525 mil toneladas de grãos por ano, com produção estimada de 220 milhões de litros de etanol e 155 mil toneladas anuais de farelo.
A obra começou a ser realizada em 15 de julho do ano ado e tem previsão para ser concluída no segundo semestre de 2026.
Estrutura de armazenagem da Kepler Weber
Do lado da Kepler, a empresa será responsável por construir no local soluções de recebimento, pré-limpeza, secagem e armazenagem, com um conjunto de oito silos.
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O vice presidente de operações da Be8, Leandro Luiz Zat, explicou que, diferentemente de regiões como o Centro-Oeste, o Sul do Brasil, especialmente o Rio Grande do Sul, não tem uma produção significativa de milho - e, por essa razão, o trigo ganhou espaço como uma matéria-prima de amido interessante para ser transformada em etanol.
“Nós teremos um terço da nossa planta que poderá ser alimentado por outras culturas, como triticale, sorgo, milho, cevada e aveia. Teremos algumas opções justamente para estarmos bem posicionados e para que não fiquemos totalmente dependentes do trigo”, disse Zat.
Segundo o executivo, o investimento para toda a operação do etanol de trigo foi de R$ 1,26 bilhão. Desse total, a maior parte, R$ 729,7 milhões, veio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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A Kepler Weber, por sua vez, enxerga no setor de biocombustíveis uma frente de crescimento importante.
Nos últimos 12 meses, a companhia fechou três contratos nessa área e já tem pelo menos seis grandes projetos em fase avançada de negociação, disse Nogueira.
“A Kepler investiu com uma visão de longo prazo. Investimos bastante na nossa engenharia e portfólio para atender esse segmento. Hoje, temos o melhor portfólio do mercado e somos reconhecidos por isso”, afirmou Nogueira.
Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), o Brasil tem atualmente 25 biorrefinarias em operação, dez projetos autorizados pela ANP e outras 20 unidades em desenvolvimento.
Apostas da Kepler
A empresa de armazenagem de silos tem diversificado seu portfólio em busca de novas demandas.
Em abril, a companhia reportou lucro líquido de R$ 25,6 milhões no primeiro trimestre de 2025, recuo de 51% em relação ao mesmo período do ano ado.
No período, o CEO da Kepler Weber, Bernardo Nogueira, disse que há uma concentração dos negócios entre abril e outubro, o que faz com que boa parte da receita seja reconhecida no segundo semestre.
Além do biocombustível, a empresa tem apostado no aluguel de silos. Em novembro ado, ela criou um fundo de R$ 500 milhões voltado ao segmento.
Sob gestão da Jubarte Capital, o fundo já captou R$ 150 milhões, disse Renato Arroyo, CFO da Kepler Weber, na época, em que avaliou que o modelo de aluguel de silos pode ser atrativo para produtores que preferem evitar o investimento total na compra da estrutura.
Desde o início do ano, os papéis da empresa caíram 16,49%. Nos últimos 12 meses, a queda foi da ordem de 20%.
Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula agens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.